sábado, 22 de novembro de 2014

Cultura do brasileiro

Não há obra sem propina

 Infelizmente, com raras exceções, o advogado Mário de Oliveira Filho que defende o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, disse a verdade que todo mundo já sabe, de que empreiteiro no Brasil que não se sujeitar a superfaturar contratos e não der propina, não tem obra.
Segundo ele, isso ocorre em qualquer prefeitura do interior. “Se não fizer acertos com políticos, não coloca um paralelepípedo”. Êta nomezinho complicado para soletrar, moço! Lembro-me dos homens lá na minha pequena Piritiba calçando as primeiras ruas com as pedras e o quanto sofria no primário para escrever corretamente, pa-ra-le-le-pí-pe-do. Há tempos que não se ouvia falar nesta palavra.

Juristas saíram com a desculpa de que foi mais um arroubo de oratória e coisa de advogado de defesa, mas não se pode negar que esta prática já é vista há anos como comum e normal no meio empresarial da construção civil, governos e executivos de estatais. Agora os corrompidos não passam de vítimas.
O errado se transformou no normal. É aquela história de que todo mundo faz assim, e é nisso que o advogado de defesa se apega para livrar seu cliente do crime. A sensação que se tem é que hoje todo brasileiro já nasce com o DNA da corrupção. O filho observa o que acontece na empresa e o pai deve instruí-lo para que incorpore o esquema.
Não vamos dar uma de hipócrita e moralista de que esses malfeitos são coisas exclusivas de políticos safados, porque o levar vantagem em tudo está enraizado na cultura do brasileiro. Furar uma fila; dar um trocado para o guarda ou um servidor público; queimar um plantão médico ou deixar de dar uma aula e inventar uma mentira; e ultrapassar o sinal de trânsito também são atos de corrupção.
Quem hoje se atreve dizer numa roda de amigos que é honesto? Certamente será ridicularizado, desacreditado e taxado de mentiroso calhorda, sem contar a gozação e a discriminação á sua pessoa. Ser chamado de otário e de besta é o de menos. É como se o cara fosse um pária da sociedade, visto como um marginal.
No exterior, nossa imagem está cada vez mais avacalhada. Sé estiver em outro país, é aconselhável não dizer sua nacionalidade, a não ser na alfândega porque não tem outro jeito. Aí o agente já lhe olha atravessado e demora de entregar o passaporte.
Quanto à roubalheira, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já avalia em 23 bilhões de reais, mas a maioria dos astutos e espertos normais zerou suas contas bancárias, aqui no Brasil, é claro. Da noite para o dia, executivos de grandes empresas ficaram pobres. É de dar pena!
O outro, o gerente da Petrobrás, Pedro Barusco, subordinado do Paulo Roberto Costa, o delator, desviou mais dinheiro que o chefe e prometeu devolver 252 milhões de reais. O cara passou a perna no chefe. É ladrão roubando ladrão.
Não vou dizer aqui que dessa vez o Brasil toma jeito porque já vi este filme várias vezes. Além do mais, a minha idade não permite esse tipo de extravagancia, mas torço que esteja completamente errado. É aquele ditado popular; Gato escaldado de água quente….

Jeremias Macário

Nenhum comentário:

Postar um comentário